20/12/2006
O analista de sistemas Ribamar Carvalho, da área de Gerenciamento Eletrônico de Documentos da IMA, concedeu uma entrevista ao jornal do GED, editado pelo Cenadem (Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação). Na entrevista, Ribamar traça um panorama da área no setor público e fala das ações da IMA para conquistar maior espaço no mercado. Leia a íntegra da entrevista, que foi publicada na seção “Aspas” do jornal:
JORNAL DO GED - Como você vê a utilização do GED e suas tecnologias nos organismos públicos?
RIBAMAR CARVALHO - Em forte ascensão. Em determinadas áreas, como a jurídica e tributária, o avanço é muito significativo na utilização de tecnologias como Document Imaging e Workflow. De um modo geral, as prefeituras, principalmente as pequenas e médias, começaram a se preparar para entrar nesse mundo, muito falado, mas ainda considerado um sonho distante. Contudo, as experiências bem-sucedidas de alguns órgãos têm contagiado positivamente os demais e, com certeza, a partir de 2007, vamos assistir a uma grande demanda por soluções de GED e suas tecnologias em todas as esferas da administração pública.
JG - O que motiva a administração pública a utilizar tais soluções?
RC - O grande desafio é prestar um serviço com qualidade ao cidadão. Esse é o objetivo central, mas através dele muitos outros, também de grande interesse da administração pública, serão alcançados. Dentre vários motivadores, podemos destacar: a modernização da administração tributária, gestão da educação e saúde, que são exemplos de áreas que, se bem administradas, geram recursos financeiros e até dividendos políticos.
JG - De acordo com sua experiência, ainda existe um longo caminho a percorrer até que a administração pública esteja realmente modernizada e informatizada?
RC - Sem dúvida. O caminho é longo e árduo, mas o importante é que os primeiros passos estão sendo dados. O aumento do público qualificado desse segmento em congressos como a INFOIMAGEM nos deixa confiantes de que, apesar das dificuldades, a movimentação é visível. Os gestores públicos estão percebendo que sem investimentos em pessoal, processos e tecnologias não será possível prover o atendimento ao cidadão com a qualidade que todos merecemos.
JG - Quais os obstáculos na adoção de tecnologias do GED nos organismos públicos?
RC - Podemos afirmar, com pouquíssima chance de errar, que o maior obstáculo é a visão equivocada, na maioria das vezes por falta de conhecimento, que os gestores têm das tecnologias que envolvem o GED, acreditando que os preços tornam as soluções inviáveis para a administração pública. Felizmente, há indícios de que essa visão começa a mudar, como o aumento de participação de representantes de organismos públicos nos cursos e congressos promovidos pelo CENADEM, especialmente a INFOIMAGEM e a busca de financiamentos em programas de organismos como BNDES (PMAT) e BID (PNAFM), para projetos de modernização administrativa e tributária, que caminham de mãos dadas com a atualização tecnológica.
JG - Que benefícios trazem para o cidadão a utilização do GED? E para o organismo?
RC - O cidadão não suporta mais pagar impostos e taxas de todos os tipos e não receber a contrapartida na forma de serviços de qualidade. A implantação de projetos de GED prioritariamente em áreas fins da administração pública apresenta reflexos imediatos na qualidade do atendimento ao cidadão. Procedimentos que antes demoravam dias para atender determinada requisição passam a ter respostas rápidas e precisas, em questão de segundos. Além disso, a utilização do GED pode viabilizar a disponibilização de serviços via web, evitando o deslocamento até o órgão, o que é muito bom para o cidadão, pois tem o potencial de acabar com as filas que, geralmente, apavoram todos que necessitam de serviços prestados por órgãos públicos. Da mesma forma, o organismo irá se beneficiar dessas novas possibilidades propiciadas pelas tecnologias implantadas e, nesse caso, o leque de benefícios é muito maior, desde os econômicos e financeiros, como economia na aquisição de equipamentos de escritório, recursos de tramitação, malote, espaço, passando pelo ganho na qualidade e eficiência dos serviços prestados com melhor atendimento ao público, através do acesso simultâneo e descentralizado às informações, otimização de recursos humanos e alocação dos funcionários para atividades mais nobres, maior poder de fiscalização e proteção contra extravios, fraudes, processos judiciais e catástrofes naturais.
JG - Descreva a atuação da IMA junto às prefeituras e organismos.
RC - A IMA é uma empresa pública de TIC ( Tecnologia da Informação e Comunicação) ligada à Prefeitura de Campinas. A partir de experiências bem-sucedidas na implantação do GED, procuramos compartilhar esses resultados com outros órgãos públicos. Decidimos, então, participar como empresa expositora em diversos congressos de GED, como a INFOIMAGEM. A participação nesses eventos contribuiu para divulgar e fixar a marca IMA no Brasil como provedora de soluções de TIC, dentre elas, GED para Prefeituras. O interessante é que, mesmo com o foco em organismos públicos, estamos sendo contatados também por empresas privadas de vários segmentos, como logística, bebidas, educação, saúde privada e metalurgia. Esse fato novo levou a IMA a estabelecer representação comercial nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e na cidade de São Paulo. Além de projetos desenvolvidos junto a nosso cliente maior, a Prefeitura de Campinas, estamos prospectando negócios, com propostas colocadas, na Região Metropolitana de Campinas, com 19 cidades, e em praticamente toda a Região Sudeste.
JG - Descreva brevemente uma implantação bem-sucedida e mencione algumas outras prefeituras/organismos que estão em fase de implantação de sistemas.
RC - O desenvolvimento de módulos de armazenamento e visualização em software livre foi o fator decisivo que viabilizou a implementação de GED no cadastro do ISSQN para a Prefeitura de Campinas. Foram digitalizados e indexados cerca de 400 mil documentos já arquivados. Isso aumentou a eficiência do órgão responsável pelo tributo e ainda auxiliou no aumento da arrecadação. O cidadão, que antes poderia esperar de dez minutos a três dias para obter acesso às informações contidas em um documento e, agora, têm acesso instantâneo.
JG - Como você vê o futuro do GED e suas tecnologias dentro dos organismos públicos?
RC - A perspectiva é das melhores. Basta verificarmos o que está acontecendo nas esferas Federal, Estadual e Municipal, onde os grandes organismos estão implantando ou licitando soluções corporativas de GED. As pequenas e médias Prefeituras passaram o ano de 2006 conhecendo as melhores práticas, aprofundando conhecimentos, vendo os casos reais e avaliando fornecedores. Pode-se até questionar os indicadores de fechamento de propostas nos órgãos públicos, mas cabe lembrar que a maioria deles nunca projetou verbas em seus orçamentos para investimentos em GED, e quem conhece área pública sabe que, sem previsão orçamentária, não há como ordenar investimento. E é exatamente para esse fato que os gestores ficaram mais alertas e estão prevendo em seus planejamentos de curto, médio e longo prazos investimentos nessas tecnologias. A partir dessas providências, a tendência é só crescer.
JG - Descreva brevemente a solução desenvolvida em software livre pela IMA.
RC - A IMA desenvolveu o IMAGED, um modelo para pesquisa, visualização, armazenamento e gestão física de documentos utilizando plataforma livre. O software contém recursos para parametrização pelo cliente / usuário, o que permite a independência na implantação de projetos de GED de acordo com as prioridades da organização. Outra vantagem é a economia na aquisição de licenças de softwares , permitindo acesso simultâneo e descentralizado, sem restrição do número de usuários que acessam a aplicação. A nossa solução é bastante competitiva, justamente por prever uma grande redução de investimentos em software , por utilizar ferramentas livres, e disponibilizar as informações através da web.