O presidente da IMA, Pedro Jaime Ziller, considerou o discurso da presidente Dilma Roussef que, nesta quarta-feira, 21/09, abriu a 66ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), um marco histórico. “No início foi cativante, no desenvolvimento foi enérgico e contundente, ao final, emocionado”, avaliou, destacando que, para além das questões de alinhamento partidário, o discurso toca em temas candentes da atualidade e mostra uma posição firme e objetiva do Brasil frente às grandes questões globais. “Por isso, recomendo a todos a leitura integral do texto”, disse.
Ziller, ainda, ressaltou que, pela primeira vez, uma mulher discursou na abertura da Assembleia da ONU, o que enaltece a importância de suas palavras, como símbolo de um novo status que o gênero feminino conquistou neste início de século XXI. .
Este papel de representante das conquistas das mulheres foi destacado pela própria Dilma. “Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo. É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.”, iniciou a presidente.
Crise econômica
Ela abordou temas como a crise econômica mundial e a necessidade de se buscar soluções efetivas para os problemas por ela gerados destacando que, se ela não for debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. “Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.”
Continuou: “Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.”
Destacou o papel preponderante que os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, têm desempenhado nesse momento e, em decorrência disto, cobrou uma maior abertura para participação destas nações nas esferas de decisão globais, como o Conselho de Segurança da ONU.
“O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela. No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos. O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.” discursou.
Questão Palestina
Defendeu a cessão de um acento à Palestina na ONU, como forma de construção de uma paz efetiva e duradoura no Oriente Médio e avaliou os eventos recentes que tem afetado o mundo islâmico. De acordo com ela, “os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade”.
Por fim, alertou para a necessidade de empenho dos países membros no trato das questões referentes às mudanças climáticas e destacou os avanços no Brasil no que diz respeito à diminuição da pobreza e desigualdade.
Combate à pobreza
“O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros. (…) Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje. Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade. E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU”, finalizou.