Israel alertou civis libaneses a deixarem as vilas na região da fronteira nesta sexta-feira e convocou milhares de soldados da reserva, o que indica a intensificação da ofensiva terrestre, na região após dez dias de bombardeios aéreos em confrontos com o grupo terrorista Hizbollah.
A força aérea israelense bombardeou mais de 40 alvos do Hizbollah no Líbano na madrugada desta sexta-feira, segundo a rádio israelense. Os alvos incluem edifícios e locais usados para o lançamento de foguetes. Ao menos 30 foguetes Katyuscha foram lançados pelo Hizbollah.
Os confrontos já mataram ao menos 340 pessoas no Líbano e destruíram grande parte da infra-estrutura do país. Em Israel, foguetes do Hizbollah já deixaram ao menos 35 vítimas.
AP |
Mulher se desespera ao ver escombros após ataque de Israel no sul do Líbano |
Israel deu início à ofensiva no último dia 12, depois que o Hizbollah seqüestrou dois soldados de Israel e matou outros oito, em um ataque contra um posto militar da região da fronteira.
Nesta sexta-feira, aviões israelenses lançaram panfletos sobre o sul do Líbano, alertando civis a deixarem a região. Mil soldados reservistas foram convocados, segundo fontes militares.
Na região central do Líbano, onde fica a estrada que liga Beirute a Damasco, aviões de Israel lançaram quatro mísseis contra uma ponte que liga os picos de duas montanhas. A ponte --que já foi atingida diversas vezes desde o início dos confrontos-- desabou parcialmente.
Os ataques atingiram três ônibus de passageiros que trafegavam na região do vale do Bekaa, a 15 quilômetros da fronteira com a Síria, na estrada que liga Beirute a Damasco. Os bombardeios atearam fogo aos ônibus na região de Taanayel, mas não deixaram vítimas, segundo a polícia.
Também nesta sexta-feira, uma coluna de fumaça preta foi vista saindo da cidade de Baalbek --considerada bastião do Hizbollah-- após novos ataques israelenses.
Aviões de Israel lançaram mísseis contra áreas residenciais e contra um grande prédio na entrada da cidade, segundo testemunhas. Não houve relato imediato de vítimas.
Foguetes
Mais de 30 foguetes Katyusha foram lançados pelo Hizbollah contra o norte de Israel nesta sexta-feira --número bem abaixo dos mais de cem lançados na noite anterior.
Reuters |
Soldados israelenses carregam caixão de vítima de foguete do Hizbollah; 35 morreram em Israel |
Desde o início dos confrontos, o grupo terrorista lançou um total de 900 foguetes contra Israel, matando 15 civis. Outros 19 soldados também morreram no conflito --entre eles quatro bombeiros. Israel disse também que quatro helicópteros colidiram na fronteira com o Líbano, matando um piloto e ferindo outros três tripulantes.
Vários foguetes lançados pelo Hizbollah atingiram Haifa --a terceira maior cidade israelense-- ferindo ao menos dez pessoas. Foguetes atingiram outras cidades do norte de Israel.
Um dos mísseis atingiram um prédio de apartamentos em Haifa. Sirenes foram acionadas pouco depois do lançamento dos foguetes.
Fuga
A campanha de Israel no sul do Líbano forçou ao menos 500 mil pessoas a deixarem suas casas. Bombas atingiram pontes e estradas, dificultando a situação dos civis.
"O cerco ao Líbano não está permitindo a chegada de ajuda humanitária", afirmou Hisham porta-voz do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha). "O sul está isolado".
Dois caminhões do CICV transportando 24 toneladas de alimentos, itens de primeiros-socorros e remédios estava a caminho de Beirute para a cidade de Tiro, onde feridos lotam os hospitais.
O premiê israelense, Ehud Olmert, afirmou que o conflito no Líbano "deve continuar". O líder do Hizbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que nenhum tipo de pressão internacional irá demover o grupo de "exigir que Israel liberte os prisioneiros libaneses" em cadeias israelenses.
Brasileiros
Os ataques de Israel ao Líbano já envolvem um número de vítimas civis brasileiras jamais visto em um conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial, segundo informou nesta quinta-feira o embaixador que coordena o grupo de apoio a brasileiros no Líbano, Everton Vieira Vargas.
Até agora, o Itamaraty reconhece oficialmente a morte de sete brasileiros no conflito. Entretanto, não há confirmação oficial do balanço de feridos e nem sequer do número de brasileiros que vivem no Líbano.
Diante da gravidade da situação no Líbano e da demanda de brasileiros que tentam deixar o país, o governo brasileiro organizou comboios de ônibus de Damasco (Síria) e de Beirute (Líbano) nesta sexta-feira, sábado e domingo com destino a Adana, na Turquia, e também decidiu instalar um escritório de apoio aos brasileiros em Adana (Turquia), ao norte do Líbano.
Vôos da FAB (Força Aérea Brasileira) no domingo, segunda e terça-feira farão o transporte dos brasileiros que não possuem bilhetes de companhias comerciais de Adana para o Brasil.