Software atuará sobre interação medicamentosa

22/06/2011

Identificar em tempo real, no ato da dispensação do medicamento aos pacientes nas unidades descentralizadas de saúde, a interação medicamentosa, que pode provocar danos à saúde, é o objetivo de um software que será desenvolvido pela Informática de Municípios Associados S/A (IMA) para a Universidade São Francisco (USF).

No final de maio, as duas instituições assinaram um contrato para dar início ao projeto. O software, batizado de APM (Avaliação de Prescrição de Medicamentos), vai se tornar uma peça fundamental na pesquisa que está sendo realizada pela professora doutora Patrícia de Oliveira Carvalho, do curso de Farmácia, no Campus de Bragança Paulista da USF. 

De acordo com ela, o objetivo do estudo é  auxiliar os profissionais da assistência farmacêutica a fazer uma análise sobre a incidência dos casos de interação medicamentosa sobre receitas prescritas e sobre os casos de dosagem fora do preconizado.

Combinação química

A interação medicamentosa ocorre quando o princípio ativo de uma determinada droga, a substância que produz os efeitos terapêuticos esperados, interfere na atuação do composto de outro remédio. A combinação química, então, é capaz de gerar resultados diversos. Entre eles, a diminuição do nível plasmático, que leva a ineficácia do medicamento, reações adversas, geralmente relacionadas a toxicidade dos remédios e, até mesmo, o agravamento do quadro clínico do paciente.

É um problema que tem se tornado cada vez mais comum, na medida em que muitos pacientes necessitam de tratamento com várias drogas, às vezes, sob a supervisão de diversos médicos, o que coloca em evidência a necessidade de uma pesquisa como esta.

“Os erros que podem levar à interação medicamentosa durante a prescrição dos remédios pelos médicos são muito comuns. Precisamos conhecer de forma aprofundada que tipo de interações são mais frequentes e como elas se processam”, explica a professora Patrícia. Foi a partir dessa premissa, que a pesquisadora teve a ideia de desenvolver um software que permitisse fazer esse acompanhamento.

DIM

Ao tomar conhecimento sobre a implantação do DIM (Dispensação Individualizada de Medicamentos), um sistema desenvolvido pela IMA que automatiza o controle da distribuição de medicamentos em unidades descentralizadas, como Centros de Saúde de Campinas, a professora procurou o setor de Assistência Farmacêutica da Secretaria Muncipal de Saúde e consultou sobre a possiblidade de desenvolverem a pesquisa em parceria.

Foi apresentado, então, um projeto conjunto à Fapesp, que aprovou e liberou recursos para a realização do trabalho, que incluía a necessidade do desenvolvimento de um novo módulo para o DIM, o APM, com o objetivo de identificar as interações medicamentosas.

De acordo com Patrícia, a expectativa é de que o APM traga informações certificadas cientificamente sobre os medicamentos dispensados em relação a possíveis interações, posologia e informações quanto ao uso do remédio em relação à dieta alimentar.

“A proposta é utilizar esta tecnologia de informação para a obtenção de dados de uso racional de medicamentos e disponibilizar as informações para que sejam utilizadas pelos gestores e profissionais de saúde. Bem utilizadas, podem tornar-se ferramentas importantes para o diagnóstico da situação, fornecendo subsídios técnico-científicos para o planejamento gerencial e a tomada de decisão”, explica.

Alerta

Ao possibilitar a identificação das interações medicamentosas no ato da prescrição, o APM vai além de uma ferramenta de auxílio a uma pesquisa acadêmica e torna-se um importante instrumento para evitar problemas à saúde dos pacientes, uma vez que vai permitir a identificação automática. Dependendo da severidade, ao identificar a interação, o software poderá alertar para a necessidade de se bloquear a dispensação dos remédios que não deveriam ser administrados de forma conjunta.  

A IMA deve concluir o desenvolvimento do APM em um período de quatro meses, integrando-o ao DIM. Quando estiver pronto, ele será implantado incialmente em uma unidade de Saúde de Campinas como piloto do projeto. Após a sua consolidação, o software será entregue à Fapesp, que poderá autorizar o seu uso  por outros municípios.

 

 

 

 

 

 

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