05/12/2011
O APM (Avaliação de Prescrição de Medicamentos), software que identifica, em tempo real, no ato da dispensação do medicamento aos pacientes nas unidades descentralizadas de saúde, a interação medicamentosa, foi finalizado e entregue oficialmente à Universidade São Francisco (USF) no final de novembro.
O sistema foi desenvolvido pela Informática de Municípios Associados S/A (IMA), com recursos da Fapesp, e será utilizado na pesquisa que está sendo realizada pela professora doutora Patrícia de Oliveira Carvalho, do curso de Farmácia, no Campus de Bragança Paulista da USF.
O objetivo do estudo é auxiliar os profissionais da assistência farmacêutica a fazer uma análise sobre a incidência dos casos de interação medicamentosa sobre receitas prescritas e sobre os casos de dosagem fora do preconizado.
A interação medicamentosa pode provocar danos à saúde. Ela ocorre quando o princípio ativo de uma determinada droga, a substância que produz os efeitos terapêuticos esperados, interfere na atuação do composto de outro remédio. A combinação química, então, é capaz de gerar resultados diversos. Entre eles, a diminuição do nível plasmático, que leva a ineficácia do medicamento, reações adversas, geralmente relacionadas a toxicidade dos remédios e, até mesmo, o agravamento do quadro clínico do paciente.
O próximo passo da pesquisa, que conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, é implantar o APM, em um projeto piloto, em um Centro de Saúde, o que está previsto para ocorrer no início de janeiro. “Os dados que serão coletados nesta unidade servirão para determinar o quanto o software contribuirá para detectar a ocorrência de interação medicamentosa no dia a dia em uma unidade descentralizada de atendimento à saúde”, explica Neusa Ojima, analista de Sistemas da IMA e líder do projeto de desenvolvimento do software.
De acordo com ela, o APM possibilitará também a realização de um estudo com os dados já consolidados no DIM (Dispensação Individualizada de Medicamentos), um sistema desenvolvido pela IMA que automatiza o controle da distribuição de medicamentos em unidades descentralizadas, possibilitando uma análise sobre as situações de interação medicamentosa no passado. “Estes relatórios estarão disponíveis assim que todos os parâmetros referentes às interações estejam inseridos no sistema”, complementa.
A interação medicamentosa é um problema que tem se tornado cada vez mais comum, na medida em que muitos pacientes necessitam de tratamento com várias drogas, às vezes, sob a supervisão de diversos médicos, o que coloca em evidência a necessidade de uma pesquisa como esta.
Ao possibilitar a identificação das interações medicamentosas no ato da prescrição, o APM vai além de uma ferramenta de auxílio a uma pesquisa acadêmica e torna-se um importante instrumento para evitar problemas à saúde dos pacientes, uma vez que vai permitir a identificação automática. Dependendo da severidade, ao identificar a interação, o software poderá alertar para a necessidade de se bloquear a dispensação dos remédios que não deveriam ser administrados de forma conjunta.